A sociedade é um complexo integrado de agentes e intervenientes (grupos sociais) que interagem de modo mais ou menos organizado, buscando cada grupo atingir seus objectivos concretos que podem até conflituar, esse é o conceito de sociedade a nível micro. A sociedade civil (SC) aparece como o conjunto de agentes (individuais ou institucionais) que não tem nenhuma participação directa na actividade politico, económico e social, gozando por isso de autonomia ou independencia relativamente a essas instituições. De acordo com Mulando, Flávio (2007:2)[1], SC é concebida como um espaço social, distinto do Estado e de instituições políticas, de sector de negócios e acima de tudo existe uma concessão de fluxos de informações.
O jovem faz parte do grupo etário de indivíduos que estão na faixa 18-25 anos, uma fase transitória entre a adolescência e idade adulta. Em termos de evolução natural do Homem, despontam e evoluem neste trajecto necessidades posteriores as básicas na pirâmide da hierarquia das necessidades, nomeadamente de independência, auto-afirmação, primeiro emprego, entre outros, sinais manifestos de forma mais acutilante num Homem adulto. Em termos legais, a nossa constituição prevê que um indivíduo com idade igual ou superior aos 21 anos adquire automaticamente direitos que lhe elegem como adulto.
Quanto a natureza comportamental, é uma geração activamente sedente de necessidades, moldada por características físicas e psiquica que lhe tornam um elemento diferenciador. Quando os seus estímulos não forem devidamente acompanhados e ponderadas ao longo do seu crescimento e especificamente na fase adulta (coaching), podem tornar-se rebeldes ou transviados, qualidade de quem nega subordinação ou orientação de uma outra pessoa próxima. Tradicionalmente os jovens devem respeito aos seus progenitores (e parentes). Em muitos casos, devido a sua exposição a diferentes experiências e convivências, algumas delas negativas, a educação formal e a exercida pelos país acaba por não ser suficientemente capaz de moldá-los a medida dos seus educadores. É um facto externo e involuntário, relevando sobretudo a consciência e os ensinamentos que os foram transmitidos amiúde, estes mantém-se como embondeiros, para que eles consigam manter e preservar os seus valores de base.
Os elementos de força, jovialidade, predisposição e voluntarismo, tornam os jovens uma força activa da sociedade sendo alvo preferencial ao chamamento à patria para servir a força militar (frequência do serviço militar), serviços voluntariado (escutismo), aderência a movimentos ou manifestações pacíficas (massificações).
Devido ao seu carácter eminentemente inquieto e fulgurante (ávidez) os jovens são tentados a participar no processo de transicção da actual geração para a outra, passando a assumir a sua posição na tomada de decisões estratégicas. No cenário actual, a geração dos adultos próximos a terceira idade praticamente ocupam lugares não só de natureza estratégica como também operativa o que não se coaduna com a natureza, dinâmica e desafios que o nosso país enfrente. Sendo um país jovem, plasmados nos dados do INE[2] que apontam que cerca de 45% da população está na faixa dos 0-14 anos, 50% dos 15-59 anos e remanescente 5% com mais de 60 anos, obviamente a maior parte dos problemas sociais, se classificados de acordo com o segmento etária, é demandado pelos jovens daí a oportunidade que se abre aos próprios jovens de proporem medidas, caminhos, meios ou sugestões sobre como é que as acções do Governo poderiam incorporar medidas de mitigação dos seus problemas.
Um alternativa viável para o sustento dos jovens na ausência de capacidade empregadora capaz de absorver a procura de emprego formal, é o recurso ao empreendedorismo. No entanto, o mercado empresarial actual é imperfeito, existem vários constrangimentos de ordem legal aliada a falta de incentivos e custos altos de exercício de actividade empresarial que se consubstanciam em barreiras a entrada, aspectos estes que colocam o país numa posição desprevilegiada no ranking doing business[3] ocupando a posição 139 de um total de 183 países.
Trigo, Virgínia (2009:7)[4], identificao seis fases do processo de empreendedorismo, designadamente, identificação de oportunidade, desenvolvimento do conceito de negócio, determinação dos recursos ou necessidades, aquisição de recursos necessários, implementação e gestão e saída estratégica.
Na fase três - Determinação de Recursos Necessários, há um passo essencial e diferenciador que são as redes de relacionamento (dimensão do capital social), segundo o mesmo autor descreve um conjunto de indivíduos e/ou organizações que se encontram ligados entre si por elos sociais com vista a facilitação de uma iniciativa empresarial. No nosso caso, eventualmente, as partes integrantes das redes de relacionamento não são constituídas por competências ou know-how relevantes para a fase de implementação e gestão do projecto o que catalisa a assimetria de informação existente no mercado.
Estes factores aniquilam forçosamente o sector privado à nascença, os altos custos de introdução do negócio (sunk cost) tornam-se um encargo futuro dificil de compensar com a capacidade de geração de receitas, quando a maior parte das empresas pertencem ao segmento PME’s.
[1] Mulando, Flávio (2007), O papel das organizações da sociedade civil na formulação de políticas públicas em Moçambique: Caso do G20 e do PARPA II, Conferência Inaugural do IESE, Setembro 2007
[2] http://www.ine.gov.mz/populacao/indicadores/indemo_proj
[3] http://www.doingbusiness.org/rankings
[4] In Trigo, Virgínia (2009), Apontamentos do módulo de Empreendedorismo: Manual de Empreendedorismo, MBA ISCTE Business School - Maputo