Esta reflexão é um contributo que retrata o paradoxo entre disponibilidade de recursos e o exercício da liberdade económica e intelectual na sociedade Moçambique com enfoque nas camadas jovens, grupo vulnerável, sendo o grupo etário mais expressivo na pirâmide estária. A preocupação deste artigo é destacar o papel e posicionamento das organizações da sociedade civil na emancipação dos jovens, e ainda como inculcar aos jovens de crença e valores destinados a transformação social individual como ferramenta de combate a inércia, neste caso o subdesenvolvimento.
Nkaringana é uma organização Moçambicana jovem que se dedica a promoção da inovação alcançada através da aceitação e capitalização do conhecimento natural que radica nas pessoas conjugada com o conhecimento científico. A visão do Nkaringana assenta em três pilares: desenvolvimento humano, comunicação e divulgação para transformação social e despertar auto-estima dos jovens Moçambicanos. A inovação é um dos caminhos para o desenvolvimento das comunidades, onde se inserem as pessoas, e consequente geração de riqueza impessoal catalizadora de progresso a escala nacional.
Ser Nkaringano é ser aquele jovem inconformdo que busca incessantemente o reconhecimento naquilo que faz, o qual resulta da sua entrega e devoção total, da descarga de suas energias renováveis para se fazer ouvir e sentir, no silêncio, em conversas fechadas e privadas, junto dos seus, etc. É toda a mulher que sai de casa as 6h e só regressa as 18h após ter conseguido arduamente amealhar milho para alimentar os seus filhos, aquela mulher que enfrenta adversidades, usa o seu poder de influência e persuasão para conseguir o alimento que possa partilhar de forma equitativa e sem discriminação aos seus filhos, e esses mesmos filhos muitas vezes crescem, tornam-se pessoas, tornam-se Nkaringanos e infelizmente alguns deles ignoram este percurso vitorioso marcado de sacrifício e privação dos seus progenitores. Nkaringana é, no sentido figurado, como uma rede eléctrica que espalha luz por todos os jovens, é o backbone que suporta e deriva todo o manancial (sua energia) dos jovens comprometidos com o alcance de sua independência.
Nkaringano é o jovem Moçambicano, mas não basta sê-lo, é preciso ser agressivo: jovem agressivo! Agressividade é a sede da conquista, de fazer as coisas acontecerem, ser pro-activo, lutar para conquistar e orgulhar-se de ser independente. Saber aprender dos outros, saber imitar, e depois através de iniciativas próprias, desenvolver acções que inovem a cadeia de valor do processo produtivo nacional. Para tal precisa ser ousado, não ter medo nem receio de arriscar, de falhar, de ser julgado pelos outros, acima de tudo ser ciente que cada passo consolida a vitória e a acumulação de falhas ou erros são étapas naturais da curva da experiência em direcção a perfeição.
Neste contexto ser rico, é sinónimo de ser independe. A maior autonomia que se pode conquistar é tornar-se independente, exercer a livre escolha, a liberdade de pensar, reflectir e criticar. Qualquer ser humano, jovem Moçambicano pode ser independente, basta cultivar o conhecimento e a liberdade de comunicar ou expressar livremente o seu pensamento, a chamada liberdade intelectual.
Ser Nkaringano é ter liberdade intelectual, pois, essa é a riqueza com a qual nos debatemos, capacitar as pessoas, jovens em geral e mulheres em particular para serem agentes de transformação dos recursos naturais em valor strictus sensus ou riqueza no sentido comum.